200px|Convocação dos Voluntários paulistas|legenda=Cartaz de convocação dos Voluntários paulistas.}}
Antecedentes
Na primeira metade do século XX, o Estado de São Paulo sofreu um acelerado processo de industrialização e enriquecimento devido à cultura de café e à supremacia política deste estado resultante da política do café-com-leite.
Em 1930 Getúlio Vargas assume o poder e põe fim à supremacia paulista na política nacional, além de suspender a Constituição de 1891 e nomear interventores para todos os Estados, com a exceção de Minas Gerais.
Sem o poder político e enfrentando grave crise econômica devido à Grande Depressão de 1929, que derrubara os preços do café, a oligarquia paulista logo entra em conflito com Getúlio Vargas, que nomeia para São Paulo como interventor o coronel João Alberto de Barros, tido pelas oligarquias como "forasteiro e plebeu"
Causas
thumb|170px|left|Movimento contra a Ditadura Getulista
Em 1932 a irritação das oligarquias paulistas com Vargas não cede sequer com a nomeação de um paulista, Pedro de Toledo, como interventor do Estado e começa-se a tramar um movimento armado visando à derrubada de Vargas, sob a bandeira da proclamação de uma nova Constituição para o Brasil.
A morte de quatro jovens paulistanos (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo) em 23 de maio de 1932 leva à união de diversos setores da sociedade paulista em torno do movimento de constitucionalização. Neste movimento, tanto se uniu a oligarquia que pretendia a volta da supremacia paulista no poder quanto segmentos que desejavam a implantação de uma verdadeira democracia no Brasil.
Em 9 de julho de 1932 a rebelião rebenta com os paulistas acreditando possuir o apoio de outros Estados, notadamente Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, na derrubada de Getúlio Vargas.
O Movimento Armado
Os planos paulistas previam um rápido e fulminante movimento em direção ao Rio de Janeiro pelo Vale do Paraíba, com a retaguarda assegurada pelo apoio que seria dado pelos outros estados.
thumb|170px|right|Convocação para Enfermeiras Voluntárias paulistas
Porém com a traição dos outros estados o plano imaginado por São Paulo não se concretizou: Rio Grande do Sul e Minas Gerais foram compelidos por Vargas a se manterem ao seu lado e a publicidade de pretensão separatista do movimento levou São Paulo a se ver sozinho, com o apoio de apenas algumas tropas mato-grossenses, contra o restante do Brasil.
Comandados por Pedro de Toledo, aclamado governador revolucionário, e o general Bertoldo Klinger as tropas paulistas se viram lutando em três grandes frentes: o Vale do Paraíba, o Sul Paulista e Leste Paulista.
Vale do Paraíba
Principal acesso para o Rio de Janeiro, o vale do Rio Paraíba do Sul era visto pelos paulistas como teatro principal da guerra.
A estratégia paulista previa a conquista da cidade fluminense de Resende, e apoiado por tropas mineiras, a marcha em direção à cidade do Rio de Janeiro. Entretando, com a falta de apoio de Minas Gerais, as tropas paulistas demoraram a se mover em direção a Resende e logo se viram defendendo o território paulista das tropas federais.
Os combates mais importantes se deram na região do Túnel da Mantiqueira que divide São Paulo de Minas Gerais e que era considerado um ponto militar estratégico de grande importância.
thumb|250px|rigth|Soldados paulistas no Túnel da Mantiqueira
O terreno acidentado do vale do Paraíba e a existência de diversas cidades levaram a um combate encarniçado entre as tropas, porém a superioridade de tropas e armamentos das forças de Vargas logo levaram à ocupação de diversas cidades paulistas do vale do Paraíba, como Lorena e Cruzeiro e o recuo das tropas paulistas em direção à capital.
Leste Paulista
Tropas paulistas penetraram no sul de Minas Gerais, atingindo a cidade de Pouso Alegre em julho / agosto de 1932, porém foram repelidas pelas forças federais em direção de Campinas e, após setembro de 1932, cidades paulistas próximas a divisa com Minas Gerais foram ocupadas pelas tropas fiéis a Vargas.
No alto da Serra da Mantiqueira, num local conhecido com Garganta do Embaú, ocorreram combates violentos com intuito de dominar aquele ponto estratégico bem como o túnel da estrada férrea o que permitiria o controle do acesso ao sul de Minas por ferrovia. Os paulistas invadiram a cidade mineira de Passa-Quatro que foi posteriormente libertada por tropas do general Euclides Figueiredo.
thumb|left|200px|Voluntário Paulista
Sul Paulista
Principal teatro de operações das tropas federais, era o setor mais desguardado do estado de São Paulo, pela crença do apoio que viria do Rio Grande do Sul.
Tropas do sul se posicionaram na divisa de São Paulo e Paraná, próximos a cidade de Itararé. Esta, por um grave erro logístico das tropas paulistas, não foi defendida, tendo estas se retirado para o Rio Paranapanema, abrindo quase 150 quilômetros de território paulista para os federais.
Como nas demais frentes, tropas federais, em maior número e mais bem equipadas, ocupam cidades paulistas, com o agravante destas estarem situadas mais ao interior do estado do que nas outras frentes.
Fim do conflito
Em meados de setembro, as condições de São Paulo eram precárias. O interior do Estado era invadido paulatinamente pelas tropas de Vargas e a capital paulista era ameaçada de ocupação. A economia de São Paulo, asfixiada pelo bloqueio do porto de Santos, sobrevivia de contribuições em ouro feitas por seus cidadãos e as tropas paulistas desertavam em números cada vez maiores.
Vendo que a derrota e ocupação do Estado era questão de tempo, as tropas da Força Pública Paulista são as primeiras a se render, no final de setembro. Com o colapso da defesa paulista, a liderança revoltista se rende em 2 de outubro de 1932 na cidade de Cruzeiro para as forças chefiadas por Góis de Monteiro
Consequencias
Terminado o conflito, a liderança paulista se refugia no exílio, enquanto os paulistas computam oficialmente 634 mortos, embora estimativas extraoficiais falem em mais de 1000 mortos paulistas. Do lado federal, nunca foram liberadas estimativas de mortos e feridos. Foi o maior conflito militar da história brasileira no século XX.
A derrota militar acachapante entretanto se transforma em vitória política. Ao ver seu governo em risco, Getúlio Vargas dá início ao processo de reconstitucionalização do país, levando à promulgação em 1934 de uma nova constituição.
Para os paulistas, a Revolução de 1932 transformou-se em símbolo máximo do Estado, a exemplo da Guerra dos Farrapos para os gaúchos. Lembrada por feriado no dia 9 de julho, a revolução é mais fortemente comemorada na cidade de São Paulo do que no interior do Estado, onde a destruição e mortes provocadas pela rebelião são ainda recordadas.
No restante do país, o movimento é mais lembrado pela versão imposta pelos vitoriosos, a de uma rebelião conservadora, visando a reconduzir as oligarquias paulistas ao poder e de velado caráter separatista.