Geraldo Hugo Nunes

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Eu não conheci o Geraldo. Na realidade ele é que me conheceu. Pode parecer que eu esteja me fazendo de importante. Mas não é nada disso, não. Meu pai e o Geraldo se conheciam muito antes de eu ter nascido. Eles trabalharam na filial carioca do Banco da Província do Rio Grande do Sul, que ficava na Rua da Alfândega, 8, esquina da Rua 1o de Março, bem em frente à Agência Central do Banco do Brasil, atual Centro Cultural Banco do Brasil.


    Naquela época, graças ao ditador Getúlio Vargas a influência dos gaúchos era muito forte. O "Província", como se costumava dizer, só era ultrapassado em grau de importância pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica. Dos seus quadros surgiram até Ministros da Fazenda. Era a mais forte e respeitável instituição bancária privada do país Eu só ingressei no Escotismo em 1955, e durante estes quatorze anos, trocamos apenas cumprimentos formais e amistosos. Coisas de, "como vai indo nos estudos", "vou bem, sim senhor", e assim por diante. Ele trabalhava no "Caixa", atrás de grossas barras de ferro, com elásticos nas mangas da camisa social. No início eu não sabia que era Chefe Escoteiro, e ele nunca fez proselitismo para cima de meu pai. Ou se fez, e devia fazer, meu pai não comentava.
    Geraldo sempre teve sua carreira ligada à 3a Associação de Escoteiros Católicos de São Pedro de Cascadura, que fica ainda hoje ligado àquela Igreja, na Rua Antônio Saraiva, 23, em Cavalcanti. Teve a primazia de participar do primeiro Curso da Insígnia da Madeira para Chefes Escoteiros, realizado na América Latina, em São Paulo, em 1949. 


    Sua vida em atividades regionais, começou logo após da sua participação na 6a Assembléia da União dos Escoteiros do Brasil, que consolidou o Movimento Escoteiro em todo o território nacional. 


Geraldo Hugo Nunes de pé, com a seta apontando-o. Sentados - no meio de terno escuro o Presidente da UEB, Professor João Baptista Mello e Souza, na ponta esquerda, José de Araújo Filho e na ponta direita, João Fernandes Brito. Ao lado dele Gelmirez de Mello[3].


As pessoas que não o conheciam de perto, tinham uma idéia de que era autoritário. Quem privou de sua amizade, como eu, diria que não era verdade. De baixo da aparência séria, e sisuda, batia um coração mole e amigo, onde pulsava o verdadeiro Espírito Escoteiro. Quando ficou afastado da Direção Regional da Guanabara, teve um pequeno derrame, que se apresentava com uma ligeira dificuldade ao falar, devido à imobilização involuntária e temporária do lábio superior esquerdo. Mais tarde assumiu novamente o Comissariado Regional pelo voto, inclusive o meu, numa eleição histórica.

A Campanha Financeira destinada à aquisição da sede própria regional, rendeu excelentes frutos. Junto com o Tesoureiro da Região, Sr. José Ferreira Ramos, visitou um a um os então vereadores da Câmara de Vereadores do então Distrito Federal. O que se pretendia era um projeto de lei que permitisse um pequeno percentual sobre a arrecadação dos jogos de futebol do Estádio Municipal do Maracanã. O então vereador Wilson Leite Passos comprou a idéia e propôs transformá-la num Projeto de Lei. Devemos aos três, não só a compra de um andar inteiro no centro da cidade do Rio de Janeiro, como também os recursos que permitiram a compra anos mais tarde, do Campo Escola de Magé, atual Campo Escoteiro Geraldo Hugo Nunes.

Geraldo Hugo Nunes recebeu, pelos relevantes serviços prestados ao Escotismo nacional, a maior condecoração escoteira do Brasil - o "Tapir de Prata", no dia 13 de abril de 1962.



Equipe do primeiro Curso de Adestramento Preliminar para Chefes Escoteiros realizado no Campo Escola de Magé, atual Campo Escoteiro Geraldo Hugo Nunes, de 26 a 28 de junho de 1969. Da esquerda para direita; Araken de Alencar Negrão, Fidel Ciro Espósito Gutierez, Moacyr Mallemont Rebello Filho (Diretor do Curso), Geraldo Hugo Nunes (Observador), José Francisco Pereira, Jayme Hermann) [4].


    Suas experiências em condução de grandes eventos, não se limitaram aos tradicionais acampamentos de graduados e torneios regionais. Sob o seu comando e direção, a Região organizou três eventos de grande porte;

- Ajuri Nacional Escoteiro de 1957, em Tubiacanga, na Ilha do Governador, em comemoração ao cinqüentenário do Escotismo.

- Acampamento Internacional de Patrulhas de 1960, na Vila Albano, em Jacarepaguá, comemorativo do cinqüentenário do Escotismo no Brasil.

- 1o Jamboree Panamericano em 1965, na Ilha do Governador, em comemoração ao 4o Centenário da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Até hoje, o maior evento Escoteiro jamais realizado no Brasil.

Texto de Moacir Mallemann