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'''Robert Stephenson Smyth Baden-Powell''' nascido em Londres, Inglaterra; 22 de fevereiro de 1857 - falecido no Quênia; 8 de janeiro de 1941. | '''Robert Stephenson Smyth Baden-Powell''' nascido em Londres, Inglaterra; 22 de fevereiro de 1857 - falecido no Quênia; 8 de janeiro de 1941. | ||
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== Exército == | == Exército == | ||
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Aos 19 anos B-P colou grau na [[Escola Charterhouse]] e aceitou imediatamente uma oportunidade de ir à [[Índia]] como subtenente do regimento que formara a ala direita da cavalaria na célebre "[[Carga da Cavalaria Ligeira]]" da [[Guerra da Criméia]]. | Aos 19 anos B-P colou grau na [[Escola Charterhouse]] e aceitou imediatamente uma oportunidade de ir à [[Índia]] como subtenente do regimento que formara a ala direita da cavalaria na célebre "[[Carga da Cavalaria Ligeira]]" da [[Guerra da Criméia]]. | ||
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As promoções de B-P na carreira militar eram quase automáticas tal a regularidade com que ocorriam até que, subitamente se tornou famoso. | As promoções de B-P na carreira militar eram quase automáticas tal a regularidade com que ocorriam até que, subitamente se tornou famoso. | ||
== | == Mafeking == | ||
Corria o ano de 1899 e Baden-Powell tinha sido promovido a Coronel. Na [[África do Sul]] estava se fermentando uma agitação e as relações entre a [[Inglaterra]] e o governo da [[República de Transval]] tinha chegado ao ponto do rompimento. B-P recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para [[Mafeking]], uma cidade no coração da [[África do Sul]]. "Quem tem [[Mafeking]] tem as rédeas da África do Sul", era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro. | Corria o ano de 1899 e Baden-Powell tinha sido promovido a Coronel. Na [[África do Sul]] estava se fermentando uma agitação e as relações entre a [[Inglaterra]] e o governo da [[República de Transval]] tinha chegado ao ponto do rompimento. B-P recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para [[Mafeking]], uma cidade no coração da [[África do Sul]]. "Quem tem [[Mafeking]] tem as rédeas da África do Sul", era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro. | ||
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Queria estar certo de que a idéia podia ser posta em prática, e por isso, no verão de 1907 foi com um grupo de 20 rapazes para a [[Ilha de Brownsea]], no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro que o mundo presenciou. O acampamento teve um completo êxito. | Queria estar certo de que a idéia podia ser posta em prática, e por isso, no verão de 1907 foi com um grupo de 20 rapazes para a [[Ilha de Brownsea]], no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro que o mundo presenciou. O acampamento teve um completo êxito. | ||
Nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, o "[[Escotismo para Rapazes]]" sem sequer sonhar que este livro iria por em ação um movimento que afetaria a juventude do mundo inteiro. | Nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, o "[[Escotismo para Rapazes]]" sem sequer sonhar que este livro iria por em ação um movimento que afetaria a juventude do mundo inteiro. Esperava meramente que o livro e suas dicas fossem aproveitados pelas movimentos juvenis já existentes. | ||
[[ | [[File:Escotismo_rapazes.jpg|thumb|right|"Scouting for Boys", No 1]] | ||
Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais e já surgiram patrulhas e tropas escoteiras não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países. O movimento cresceu tanto que em 1910, B-P compreendeu que o [[Escotismo]] seria a obra a que dedicaria a sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país adestrando a nova geração para a boa cidadania do que preparando um punhado de homens para uma possível futura guerra. | Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais e já surgiram patrulhas e tropas escoteiras não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países. O movimento cresceu tanto que em 1910, B-P compreendeu que o [[Escotismo]] seria a obra a que dedicaria a sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país adestrando a nova geração para a boa cidadania do que preparando um punhado de homens para uma possível futura guerra. | ||
Como sugestão do Rei da Inglaterra, pediu então demissão do Exército onde havia chegado a tenente-general e ingressou na sua "segunda vida", como costumava chamá-la, sua vida de serviço ao mundo por meio do Escotismo. | |||
Em 1912, fez uma viagem ao redor do mundo para contactar os escoteiros de muitos outros países. Foi este o primeiro passo para fazer do Escotismo uma [[fraternidade mundial]]. | Em 1912, fez uma viagem ao redor do mundo para contactar os escoteiros de muitos outros países. Foi este o primeiro passo para fazer do Escotismo uma [[fraternidade mundial]]. | ||
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Baden-Powell''. | Baden-Powell''. | ||
==Veja Também== | |||
== Escotismo do Mar (Sea Scouting) == | |||
Não é de se surpreender que o B-P definiu-se como o primeiro Sea Scout. Ele adorava barcos e aventurou-se com os irmãos em diversas ocasiões. Dois dos irmão entraram para a marinha mercante. | |||
Em 1872, quando tinha 15 anos, Baden-Powell acompanhou os irmãos numa expedição cruzando a Inglaterra numa canoa desmontável. Remaram pelo Tâmisa até a nascente, atravessaram o divisor de águas e desceram do outro lado pelo rio Severn, depois subindo o Rio Wye para dentro do País de Gales. Dormiram em barracas e cozinharam a lenha; se hoje isso seria uma aventura, imagine em 1872. | |||
Por três anos depois, eles passaram várias férias aventurando-se pela costa sul. B-P conta que foi designado cozinheiro, e que os irmãos, mais velhos, fariam ele comer tudo se não fosse comestível. | |||
Foi com o irmão mais velho, Warington Baden-Powell, que o Escotismo do Mar ganhou sua formalidade, com o lançamento do livro "Sea Scouting and Seamanship for Boys" (Escotismo do Mar e Marinharia para Rapazes). Antes disso, em 1909, houve o terceiro e último acampamento para jovens organizado diretamente pelo B-P, em que houve uma diveridade de atividades aquáticas e atividades em um navio. Em Janeiro de 1911, Warington apresentou um esboço das idéias do Escotismo do Mar em um curso para Chefes, já tendo combinado com B-P que ele escreveria um manual. Para abrir caminho, o próprio B-P escreveu um pequeno livreto em Maio de 1911, e logo algumas tropas começaram a adaptar suas atividades. | |||
Veja mais em http://www.escoteirodomar.org/historia-i.htm ou http://www.scouting.milestones.btinternet.co.uk/seascouts.htm | |||
== Escotismo do Ar (Air Scouting) == | |||
A história do nascimento do Escotismo do Ar é mais complexa e menos nítida do que do Escotismo do Ar. O irmão mais novo de B-P, Major Baden F S Baden-Powell, seguiu os passos dos irmãos mais velhos e tornou-se militar, sendo um dos pioneiros da aviação e do balonismo. Naquela época não existia a Aeronáutica. Foi ele, o Baden Baden-Powell, que inspirou as primeiras atividades relacionadas com a aviação dentro do movimento, mas não acreditava ser possível criar um braço separado, pois acesso a aviões não era uma coisa fácil como acesso a barcos. | |||
Mais tarde enquanto a Inglaterra ainda hesitava, alguns outros países já começavam a ter grupos com mais atividades ligadas à aeronáutica. No Jamboree de 1933 na Hungria houve a representação de Escoteiros do Ar. A própria Hungria já tinha alguns grupos. Na Inglaterra havia uma pequena insistência de alguns grupos que formavam Patrulhas de Escoteiros do Ar, na maioria formado por escotreiros mais velhos. No Brasil também começou cedo, com seu primeiro Grupo de Escoteiros do Ar formado em Curitiba em 1938. | |||
== Lobinhos (Cubs) == | |||
== Pioneiros e Sêniors == | |||
Na sua concepção original, o Escotismo foi dirigido a meninos começando com 11 anos e saindo ao completarem 18 anos. Alguns anos depois da fundação do escotismo, além da necessidade de incluir um programa para meninas, logo percebeu-se algumas questões relacionadas com idade. A primeira era o interesse de crianças menores de 11 anos em realizar atividades similares a de seus irmãos mais velhos; além disso os mesmos problemas sociais aflingiam essas crianças, basicamente a falta do que fazer. | |||
Para jovens mais velhos, acima de 15 anos, havia dois problemas aparentemente conflitantes: a) Evasão: muitos jovens mais velhos perdiam o interesse nas atividades da tropa (havia pouquíssimas Especialidades dirigidas aos mais velhos), ou simplesemente não podiam participar pois tinham que trabalhar; incluso neste problema, não havia a entrada de novos escoteiros com idade avançada: como atraí-los?; b) Vontade de permanecer: uma minoria de escoteiros mais velhos queriam permanecer realizando atividades escoteiras. Já em 1914, com a iminência da 1a Grande Guerra, o próprio B-P tentou criar um esquema que mantivesse o Escoteiro mais velho ao mesmo tempo que o preparava para ajudar seu país em caso de combate, mas a idéia não vingou. Na Conferência de Comissários Distritais de 1917, foi proposto que poderia haver um programa diferenciado para os escoteiros com mais do que 15 anos, que resolveria os dois problemas de uma só vez. O programa seria bem dirigido a ajudar jovens na busca de empregos, oferecendo aprendizado técnico. Não funcionou, principalmente por falta de chefes, que estavam na guerra. Em 1918 ficou decidido que não haveria mais esforço para atrair jovens mais velhos para dentro do movimento mas sim tentar reduzir a evasão de quem já era escoteiro. O escoteiro mais velho deveria permanecer na tropa até os 17 anos, regra que permaneceu até 1939. Atividades adicionais poderiam ser oferecidos aos mais velhos, mas na prática até mesmo distintivos criados para diferenciar os Seniors foram eliminados. | |||
Em 1918 o Escotismo Inglês queria trazer de volta ao movimento os jovens heróis de guerra. [Embora a idade para soldados era de 18 anos, 250 mil jovens abaixo desta idade mentiram sobre sua idade e lutaram na guerra.] O interesse em retornar ao movimento existia, interesse impulsionado pelo trabalho do B-P durante a guerra em criar junto com a ACM (YMCA) locais de encontro na França para que soldados pudesem se reunir e conversar sobre suas aventuras e problemas. | |||
Mas o nome Escoteiro Sênior não serviria para estas pessoas, que não eram velhos jovens mas jovens adultos. Portanto o nome "Rover" foi adotado, e formalizado em 1919 como novo ramo do Escotismo, atendendo jovens com 18 a 24 anos, apesar de que 1918 é tomado como o ano de fundação devido à publicação de um pequeno livreto entitulado "Rules for Rover Scouts". O termo Rover (caminhante, viajante) transmitia uma sutil idéia de liberdade e aventura, muito bem traduzido para Pioneiro. O Lema era "Fraternidade e Serviço", e a abordagem hoje adotada no Brasil sofreu poucas mudanças das idéias que surgiram no começo, quando começaram a vigorar novas palavras no dicionário do movimento, tal como Squire (Escudeiro) e Moot. | |||
B-P queria que o ramo Rover fosse bem flexível, com poucas regras, portanto não queria escrever um manual. Só em 1922 publicou o livro Rovering to Success, com o jeitão de bate-papo do B-P mantido mas com pouco sobre programação e muito sobre a vida dirigida inclusive a não-escoteiros que queria atrair ao movimento. Realmente o livro vendeu bem para não-membros. | |||
Como ficou o Ramo Senior? | |||
Durante sua vida o B-P não conseguiu chegar a uma conclusão de como resolver a questão de evasão dos escoteiros mais velhos, e foi somente em 1946 que foi instituido o ramo senior na Inglaterra. Antes disso, em 1935, a Boy Scout Association dos Estados Unidos institui os Explorer Scouts, oferecendo programas diferenciados para os mais velhos, que tanto poderiam permanecer na tropa como formarem patrulhas separadas. Nos EUA, as Modalidades do Mar e Ar ficaram dirigidas somente a estes "Exploradores". | |||
Porque não temos Seniors no Carajás? | |||
Tradição não é um motivo. O assunto é muito importante para ser definido como mera tradição. Existem sim vários motivos, continuadamente debatidos, que explicam porque mantemos tropas com idade de 11 a 17 anos. Sem ordem de prioridade, alguns dos argumentos são: | |||
a) Falta de Chefia; não é para qualquer um. | |||
b) Más experiências passadas (e que vemos em outros grupos): a falta de ordem e disciplina quando juntam-se adolescentes com idade de 15 a 17 anos. | |||
c) Quanto que o ramo senior realmente resolveu do problema de evasão? | |||
d) Um Monitor de 16/17 anos está muito mais apto e maduro para aprender com a posição de liderança que lhe é concedida; a Corte de Honra pode funcionar com muito mais autonomia | |||
Veja neste link as idades dos ramos por país. | |||
http://en.wikipedia.org/wiki/Age_groups_in_Scouting_and_Guiding | |||
== Veja Também == | |||
Para escoteiros que estão passando testes das etapas ou aqueles que querem um breve resumo da história do escotismo, vistem o [[História de BP e do Escotismo]] na seção de testes. | Para escoteiros que estão passando testes das etapas ou aqueles que querem um breve resumo da história do escotismo, vistem o [[História de BP e do Escotismo]] na seção de testes. |
Edição atual tal como às 10h36min de 15 de julho de 2024
Robert Stephenson Smyth Baden-Powell nascido em Londres, Inglaterra; 22 de fevereiro de 1857 - falecido no Quênia; 8 de janeiro de 1941.
Família
Seu pai era o Reverendo Baden Powell, professor catedrático em Oxford. Sua mãe era filha do almirante inglês W. T. Smyth. Seu bisavô, Joseph Brewer Smyth, tinha ido como colonizador para Nova Jersey (EUA) mas voltou para a Inglaterra e naufragou na viagem de regresso.
Seu pai morreu quando Robert tinha aproximadamente 3 anos, deixando a sua mãe com sete filhos, dos quais o mais velho não tinha ainda 14 anos. Havia com freqüência momentos difíceis para uma família tão grande, mas o amor mútuo entre mãe e filhos ajudava-os a continuar em frente.
Robert viveu uma bela vida ao ar livre com seus quatro irmãos, excursionando e acampando com eles em muitos lugares da Inglaterra.
Em 1870 Baden-Powell (B-P) ingressou na Escola Charterhouse em Londres com uma bolsa de estudos. Não era um estudante que se destacasse especialmente dos outros, mas era um dos mais vivos. Estava sempre metido em tudo que acontecia no pátio do colégio, e cedo se tornou popular pela sua perícia como goleiro da equipe de futebol de Charterhouse.
Seus camaradas da escola muito apreciavam suas habilidades como ator. Sempre que pediam ele improvisava uma representação que fazia a escola toda morrer de rir. Tinha também vocação para a música, e seu dom para o desenho permitiu-lhe mais tarde ilustrar todas as suas obras.
Exército
Aos 19 anos B-P colou grau na Escola Charterhouse e aceitou imediatamente uma oportunidade de ir à Índia como subtenente do regimento que formara a ala direita da cavalaria na célebre "Carga da Cavalaria Ligeira" da Guerra da Criméia.
Além de uma carreira excelente no serviço militar (chegou a capitão aos vinte e seis anos), ganhou o troféu esportivo mais desejado de toda a Índia, o troféu de "sangrar o porco", caça ao javali selvagem, a cavalo, tendo como única arma uma lança curta. Vocês compreenderão como este esporte é perigoso ao saber que o javali selvagem é habitualmente citado como "o único animal que se atreve a beber água no mesmo bebedouro com um tigre".
Em 1887, B-P participou da campanha contra os Zulus na África, e mais tarde contra as ferozes tribos dos Ashantís e os selvagens guerreiros Matabeles. Os nativos o temiam tanto que lhe davam o nome de "Impisa", o "lobo-que-nunca-dorme", devido a sua coragem, sua perícia como explorador e sua impressionante habilidade em seguir pistas.
As promoções de B-P na carreira militar eram quase automáticas tal a regularidade com que ocorriam até que, subitamente se tornou famoso.
Mafeking
Corria o ano de 1899 e Baden-Powell tinha sido promovido a Coronel. Na África do Sul estava se fermentando uma agitação e as relações entre a Inglaterra e o governo da República de Transval tinha chegado ao ponto do rompimento. B-P recebeu ordens de organizar dois batalhões de carabineiros montados e marchar para Mafeking, uma cidade no coração da África do Sul. "Quem tem Mafeking tem as rédeas da África do Sul", era um dito corrente entre os nativos, que se verificou ser verdadeiro.
Veio a guerra, e durante 217 dias (a partir de 13 de outubro de 1899) B-P defendeu Mafeking cercada por forças esmagadoramente superiores do inimigo, até que tropas de socorro conseguiram finalmente abrir caminho lutando para auxiliá-lo, no dia 18 de maio de 1900.
Procure "Mafeking" em seu dicionário de inglês e junto a esta palavra você encontrará duas outras criadas neste dia tumultuoso derivadas do nome da cidade africana: "maffick" e "maffication" significando "celebração tumultuosa".
Retorno para a Inglaterra
B-P promovido agora ao posto de major-general tornou-se um herói aos olhos de seus compatriotas. Foi como um herói dos adultos e das crianças que em 1901 ele regressou da África do Sul para a Inglaterra e descobriu, surpreso, que a sua popularidade pessoal dera popularidade ao livro que escrevera para militares: Aids to Scouting (Ajudas à Exploração Militar). O livro estava sendo usado como um compêndio nas escolas masculinas. B-P viu nisto um desafio. Compreendeu que estava aí a oportunidade de ajudar a juventude. Se um livro para adultos sobre as atividades dos exploradores podia exercer tal atração sobre os rapazes e servir-lhes de fonte de inspiração, outro livro, escrito especialmente para rapazes poderia despertar muito maior interesse.
Pôs-se então a trabalhar, aproveitando e adaptando sua experiência na Índia e na África entre os Zulus e outras tribos selvagens. Reuniu uma biblioteca especial e estudou nestes livros os métodos usados em todas as épocas para a educação e o adestramento dos rapazes, desde jovens espartanos, os antigos bretões, os peles-vermelhas, até os nossos dias. Lenta e cuidadosamente, B-P foi desenvolvendo a idéia do escotismo.
Primeiro Acampamento
Queria estar certo de que a idéia podia ser posta em prática, e por isso, no verão de 1907 foi com um grupo de 20 rapazes para a Ilha de Brownsea, no Canal da Mancha, para realizar o primeiro acampamento escoteiro que o mundo presenciou. O acampamento teve um completo êxito.
Nos primeiros meses de 1908, lançou em seis fascículos quinzenais o seu manual de adestramento, o "Escotismo para Rapazes" sem sequer sonhar que este livro iria por em ação um movimento que afetaria a juventude do mundo inteiro. Esperava meramente que o livro e suas dicas fossem aproveitados pelas movimentos juvenis já existentes.
Mal tinha começado a aparecer nas livrarias e nas bancas de jornais e já surgiram patrulhas e tropas escoteiras não apenas na Inglaterra, mas em muitos outros países. O movimento cresceu tanto que em 1910, B-P compreendeu que o Escotismo seria a obra a que dedicaria a sua vida. Teve a visão e a fé de reconhecer que podia fazer mais pelo seu país adestrando a nova geração para a boa cidadania do que preparando um punhado de homens para uma possível futura guerra.
Como sugestão do Rei da Inglaterra, pediu então demissão do Exército onde havia chegado a tenente-general e ingressou na sua "segunda vida", como costumava chamá-la, sua vida de serviço ao mundo por meio do Escotismo.
Em 1912, fez uma viagem ao redor do mundo para contactar os escoteiros de muitos outros países. Foi este o primeiro passo para fazer do Escotismo uma fraternidade mundial.
A Primeira Guerra Mundial momentaneamente interrompeu este trabalho, mas com o fim das hostilidades foi recomeçado, e em 1920 os escoteiros de todas as partes do mundo se reuniram em Londres para a primeira concentração internacional de escoteiros: o Primeiro Jamboree Mundial. Na última noite deste Jamboree, a 6 de agosto, B-P foi proclamado "Escoteiro-Chefe-Mundial" sob os aplausos da multidão de rapazes.
O Movimento Escoteiro continuou a crescer. No dia em que atingiu a "maioridade" completando 21 anos contava com mais de 2 milhões de membros em praticamente todos os países do mundo. Nesta ocasião, B-P recebeu do rei Jorge V a honra de ser elevado a barão, sob o nome de Lord Baden-Powell of Gilwell. Mas apesar deste título, para todos os escoteiros ele continuou e continuará sempre sendo B-P, o Escoteiro-Chefe-Mundial.
Quando suas forças afinal começaram a declinar, depois de completar 80 anos de idade, regressou à sua amada África com a sua espôsa, Lady Olave Baden-Powell, que fôra uma entusiástica colaboradora em todos os seus esforços, e que era a Chefe-Mundial das "Girl Guides" (bandeirantes), movimento também iniciado por Baden-Powell.
Ultimos Dias
Fixaram residência no Quênia em um lugar tranquilo e com um panorama maravilhoso: florestas de quilômetros de extensão tendo ao fundo montanhas de picos cobertos de neve. Foi lá que morreu B-P, em 8 de janeiro de 1941 faltando um pouco mais de um mês para completar 84 anos de idade.
Carta aos Monitores
"Quero que vocês, Monitores, entrem em ação e adestrem suas Patrulhas inteiramente sozinhos e à sua moda porque, para vocês, é perfeitamente possível pegar cada rapaz da Patrulha e fazer dele um bom camarada, um verdadeiro Homem. De nada vale ter um ou dois rapazes admiráveis e o resto não prestando para nada. Vocês devem procurar fazê-los todos positivamente bons.
Para conseguir isso, a coisa mais importante é o próprio exemplo, porque, o que vocês fizerem, os seus Escoteiros também farão.
Mostrem a todos eles que vocês sabem obedecer às ordens dadas, sejam elas ordens verbais, ou sejam regras que estejam escritas ou impressas; e que vocês cumprem ordens, esteja ou não o Chefe Escoteiro presente. Mostrem que conseguem conquistar distintivos de Especialidades e, com um pouco de persuasão, os seus rapazes seguirão o seu exemplo.
Mas, lembrem-se que vocês devem guiá-los, e não empurrá-los.
Baden-Powell of Gilwell."
Carta de Despedida
Escoteiros: Se porventura vocês tiverem visto a peça "Peter Pan", deverão estar lembrados de que o chefe-pirata estava sempre fazendo o seu "discurso de moribundo", porque receava que, possivelmente, quando chegasse a hora de ele morrer, não tivesse mais tempo para dizer tais coisas.
Acontece quase a mesma coisa comigo e, assim, e embora neste momento eu não esteja morrendo - qualquer dia destes eu morrerei - , quero enviar a vocês uma palavra de despedida. Lembrei-me de que será a última vez que vocês ouvirão minhas palavras. Portanto, pensem bem nelas. Eu tenho tido uma vida muito feliz e quero que cada um de vocês também tenha uma vida feliz. Acredito que Deus nos colocou neste mundo alegre para que sejamos felizes e para gozarmos a vida. A felicidade não provém do fato de ser rico, nem meramente de ter sido bem sucedido na carreira; e, tampouco, de sermos indulgentes para com nós mesmos. Um passo na direção da felicidade é o de tornar-se saudável e forte enquanto se é ainda um jovem, de sorte que possa vir a ser útil e, dest'arte, gozar a vida quando for homem.
O estudo da natureza mostrará a vocês quão repleto de coisas belas e maravilhosas Deus fez o mundo para vocês gozarem. Alegrem-se com o que receberam e façam bom proveito disso. Olhem para o lado brilhante das coisas, ao invés do lado sombrio delas. Contudo, a melhor maneira de obter felicidade é proporcionar felicidade à outras pessoas. Tentem deixar este mundo um pouco melhor do que o encontraram e, quando chegar a vez de morrerem, possam morrer felizes com o sentimento de que, pelo menos, não desperdiçaram o tempo, mas sim fizeram o melhor que puderam. Estejam preparados, desta maneira, para viverem e morrerem felizes, sempre fiéis à Promessa Escoteira de vocês, até mesmo depois que deixarem de ser jovens - e que Deus os ajude a cumpri-la.
Seu amigo,
Baden-Powell.
Escotismo do Mar (Sea Scouting)
Não é de se surpreender que o B-P definiu-se como o primeiro Sea Scout. Ele adorava barcos e aventurou-se com os irmãos em diversas ocasiões. Dois dos irmão entraram para a marinha mercante.
Em 1872, quando tinha 15 anos, Baden-Powell acompanhou os irmãos numa expedição cruzando a Inglaterra numa canoa desmontável. Remaram pelo Tâmisa até a nascente, atravessaram o divisor de águas e desceram do outro lado pelo rio Severn, depois subindo o Rio Wye para dentro do País de Gales. Dormiram em barracas e cozinharam a lenha; se hoje isso seria uma aventura, imagine em 1872.
Por três anos depois, eles passaram várias férias aventurando-se pela costa sul. B-P conta que foi designado cozinheiro, e que os irmãos, mais velhos, fariam ele comer tudo se não fosse comestível.
Foi com o irmão mais velho, Warington Baden-Powell, que o Escotismo do Mar ganhou sua formalidade, com o lançamento do livro "Sea Scouting and Seamanship for Boys" (Escotismo do Mar e Marinharia para Rapazes). Antes disso, em 1909, houve o terceiro e último acampamento para jovens organizado diretamente pelo B-P, em que houve uma diveridade de atividades aquáticas e atividades em um navio. Em Janeiro de 1911, Warington apresentou um esboço das idéias do Escotismo do Mar em um curso para Chefes, já tendo combinado com B-P que ele escreveria um manual. Para abrir caminho, o próprio B-P escreveu um pequeno livreto em Maio de 1911, e logo algumas tropas começaram a adaptar suas atividades.
Veja mais em http://www.escoteirodomar.org/historia-i.htm ou http://www.scouting.milestones.btinternet.co.uk/seascouts.htm
Escotismo do Ar (Air Scouting)
A história do nascimento do Escotismo do Ar é mais complexa e menos nítida do que do Escotismo do Ar. O irmão mais novo de B-P, Major Baden F S Baden-Powell, seguiu os passos dos irmãos mais velhos e tornou-se militar, sendo um dos pioneiros da aviação e do balonismo. Naquela época não existia a Aeronáutica. Foi ele, o Baden Baden-Powell, que inspirou as primeiras atividades relacionadas com a aviação dentro do movimento, mas não acreditava ser possível criar um braço separado, pois acesso a aviões não era uma coisa fácil como acesso a barcos.
Mais tarde enquanto a Inglaterra ainda hesitava, alguns outros países já começavam a ter grupos com mais atividades ligadas à aeronáutica. No Jamboree de 1933 na Hungria houve a representação de Escoteiros do Ar. A própria Hungria já tinha alguns grupos. Na Inglaterra havia uma pequena insistência de alguns grupos que formavam Patrulhas de Escoteiros do Ar, na maioria formado por escotreiros mais velhos. No Brasil também começou cedo, com seu primeiro Grupo de Escoteiros do Ar formado em Curitiba em 1938.
Lobinhos (Cubs)
Pioneiros e Sêniors
Na sua concepção original, o Escotismo foi dirigido a meninos começando com 11 anos e saindo ao completarem 18 anos. Alguns anos depois da fundação do escotismo, além da necessidade de incluir um programa para meninas, logo percebeu-se algumas questões relacionadas com idade. A primeira era o interesse de crianças menores de 11 anos em realizar atividades similares a de seus irmãos mais velhos; além disso os mesmos problemas sociais aflingiam essas crianças, basicamente a falta do que fazer.
Para jovens mais velhos, acima de 15 anos, havia dois problemas aparentemente conflitantes: a) Evasão: muitos jovens mais velhos perdiam o interesse nas atividades da tropa (havia pouquíssimas Especialidades dirigidas aos mais velhos), ou simplesemente não podiam participar pois tinham que trabalhar; incluso neste problema, não havia a entrada de novos escoteiros com idade avançada: como atraí-los?; b) Vontade de permanecer: uma minoria de escoteiros mais velhos queriam permanecer realizando atividades escoteiras. Já em 1914, com a iminência da 1a Grande Guerra, o próprio B-P tentou criar um esquema que mantivesse o Escoteiro mais velho ao mesmo tempo que o preparava para ajudar seu país em caso de combate, mas a idéia não vingou. Na Conferência de Comissários Distritais de 1917, foi proposto que poderia haver um programa diferenciado para os escoteiros com mais do que 15 anos, que resolveria os dois problemas de uma só vez. O programa seria bem dirigido a ajudar jovens na busca de empregos, oferecendo aprendizado técnico. Não funcionou, principalmente por falta de chefes, que estavam na guerra. Em 1918 ficou decidido que não haveria mais esforço para atrair jovens mais velhos para dentro do movimento mas sim tentar reduzir a evasão de quem já era escoteiro. O escoteiro mais velho deveria permanecer na tropa até os 17 anos, regra que permaneceu até 1939. Atividades adicionais poderiam ser oferecidos aos mais velhos, mas na prática até mesmo distintivos criados para diferenciar os Seniors foram eliminados.
Em 1918 o Escotismo Inglês queria trazer de volta ao movimento os jovens heróis de guerra. [Embora a idade para soldados era de 18 anos, 250 mil jovens abaixo desta idade mentiram sobre sua idade e lutaram na guerra.] O interesse em retornar ao movimento existia, interesse impulsionado pelo trabalho do B-P durante a guerra em criar junto com a ACM (YMCA) locais de encontro na França para que soldados pudesem se reunir e conversar sobre suas aventuras e problemas.
Mas o nome Escoteiro Sênior não serviria para estas pessoas, que não eram velhos jovens mas jovens adultos. Portanto o nome "Rover" foi adotado, e formalizado em 1919 como novo ramo do Escotismo, atendendo jovens com 18 a 24 anos, apesar de que 1918 é tomado como o ano de fundação devido à publicação de um pequeno livreto entitulado "Rules for Rover Scouts". O termo Rover (caminhante, viajante) transmitia uma sutil idéia de liberdade e aventura, muito bem traduzido para Pioneiro. O Lema era "Fraternidade e Serviço", e a abordagem hoje adotada no Brasil sofreu poucas mudanças das idéias que surgiram no começo, quando começaram a vigorar novas palavras no dicionário do movimento, tal como Squire (Escudeiro) e Moot.
B-P queria que o ramo Rover fosse bem flexível, com poucas regras, portanto não queria escrever um manual. Só em 1922 publicou o livro Rovering to Success, com o jeitão de bate-papo do B-P mantido mas com pouco sobre programação e muito sobre a vida dirigida inclusive a não-escoteiros que queria atrair ao movimento. Realmente o livro vendeu bem para não-membros.
Como ficou o Ramo Senior?
Durante sua vida o B-P não conseguiu chegar a uma conclusão de como resolver a questão de evasão dos escoteiros mais velhos, e foi somente em 1946 que foi instituido o ramo senior na Inglaterra. Antes disso, em 1935, a Boy Scout Association dos Estados Unidos institui os Explorer Scouts, oferecendo programas diferenciados para os mais velhos, que tanto poderiam permanecer na tropa como formarem patrulhas separadas. Nos EUA, as Modalidades do Mar e Ar ficaram dirigidas somente a estes "Exploradores".
Porque não temos Seniors no Carajás?
Tradição não é um motivo. O assunto é muito importante para ser definido como mera tradição. Existem sim vários motivos, continuadamente debatidos, que explicam porque mantemos tropas com idade de 11 a 17 anos. Sem ordem de prioridade, alguns dos argumentos são:
a) Falta de Chefia; não é para qualquer um. b) Más experiências passadas (e que vemos em outros grupos): a falta de ordem e disciplina quando juntam-se adolescentes com idade de 15 a 17 anos. c) Quanto que o ramo senior realmente resolveu do problema de evasão? d) Um Monitor de 16/17 anos está muito mais apto e maduro para aprender com a posição de liderança que lhe é concedida; a Corte de Honra pode funcionar com muito mais autonomia
Veja neste link as idades dos ramos por país. http://en.wikipedia.org/wiki/Age_groups_in_Scouting_and_Guiding
Veja Também
Para escoteiros que estão passando testes das etapas ou aqueles que querem um breve resumo da história do escotismo, vistem o História de BP e do Escotismo na seção de testes.