Almirante Benjamin Sodré

Em 10 de Abril de 1892 nasceu em Mecejana, no Ceará, o menino Benjamim de Almeida Sodré, filho de Lauro Sodré e que mais tarde se tornaria um personagem muito importante na História do Escotismo brasileiro. Curiosamente, Benjamim Sodré, que mais tarde seria conhecido pelos Escoteiros como “O Velho Lobo”, teve em sua vida muitas passagens e características semelhantes a Baden-Powell. Foi professor de astronomia, navegação e história da Escola Naval, publicou diversos trabalhos, foi maçom e sobretudo um excelente jogador de futebol, ponta esquerda do time do América-RJ, do Botafogo e da Seleção Brasileira de Futebol entre 1910 e 1916. Faleceu em 1 de fevereiro de 1982, pouco mais de dois meses antes de completar 90 anos. Atualmente vários Grupos Escoteiros, ruas e espaços municipais levam o nome de Almirante Benjamim Sodré, em sua homenagem.

Família

Ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro e depois de terminar seus estudos secundários prestou concurso para admissão na Escola Naval sendo aprovado em primeiro lugar. Fez brilhante carreira na Marinha Brasileira, sobrevivendo ao naufrágio do rebocador Guarani, em 1913 e chefiando a Comissão Naval Brasileira durante a II Guerra Mundial. Tornou-se Almirante em 1954.

Futebol

Em paralelo à carreira militar, a partir de 1908 ele começou a praticar futebol no Botafogo; Emanuel de Almeida Sodré, outro filho de Lauro Sodré, havia sido precisamente um dos fundadores do então Botafogo Football Club em 1904. Outro irmão, Lauro Sodré Filho, também integrou o clube naqueles primeiros anos, tendo os três chegado a conviver juntos na temporada alvinegra histórica de 1910.

Em 1910, precisamente, Mimi marcou um dos gols da maior goleada botafoguense no clássico com o Fluminense, o 6-1 pelo campeonato carioca daquele ano, vencido pelo Botafogo - no primeiro título isolado dos alvinegros, cuja única conquista anterior (de 1907) havia sido dividida justamente com o Fluminense. O artilheiro, Abelardo de Lamare, era curiosamente paraense.

Embora a Seleção Brasileira de Futebol só viesse a existir oficialmente em 1914, inclusive com o próprio Abelardo no jogo inaugural, Mimi chegou a representar, junto do irmão Lauro, equipes precursoras - em 1910, inclusive fez o gol de honra de derrota do chamado "combinado brasileiro" para o Corinthian inglês, visto até a Primeira Guerra Mundial como equipe mais forte do mundo, inspirando tanto o Corinthians brasileiro (fundado naquele ano na repercussão da excursão dos britânicos) como o uniforme do Real Madrid.

O Botafogo foi novamente campeão em 1912, dessa vez com o próprio Mimi de artilheiro. Em 1913, ele entrou para a história do clássico com o Flamengo ao marcar o primeiro gol do duelo (o único da partida, em que também esteve seu irmão Lauro), histórico também por inaugurar o estádio de General Severiano. Naquele ano, foi novamente artilheiro do estadual, conseguindo também um hat trick com o qual fez todos os gols de outro clássico com o Fluminense; e sobreviveu ao naufrágio do Rebocador Guarani. Ele e Lauro também tornaram a enfrentar o Corinthian, vencendo-o por 2-1 pela Seleção Carioca.

Títulos

Botafogo
  • Campeonato Carioca: 1910 e 1912
  • Troféu Interestadual Rio-São Paulo: 1910
Paysandu
  • Torneio Início: 1919
  • Campeonato Paraense: 1920

Artilharias

  • Campeonato Carioca: 1912 (12 gols)
  • Campeonato Carioca: 1913 (13 gols)

Carreira Militar

Como militar, teve atuações marcantes ao longo de toda a carreira. Em 1910, ingressou na Escola Naval, sendo o primeiro colocado em um concurso reconhecidamente disputado no território nacional.

Na própria Escola Naval, serviu por duas vezes e foi o fundador da Sociedade Acadêmica Phoenix Naval (SAPN), em 1912, quando Aspirante do 3º Ano. O objetivo principal era a congregação dos Aspirantes das diversas turmas, evidenciando seu perfil conciliador, além da criação de uma biblioteca, evidenciando assim seu perfil educador. Dentre as diversas comissões que teve, pode-se citar a Imediatice da Flotilha do Amazonas, o Comando do Contra Torpedeiro Maranhão, a Diretoria de Portos e Pesca, o Comando da Escola de Aprendizes do Pará, a Direção do Armamento da Marinha (no Boqueirão), os Comandos do CT Piauhy, do Navio Tanque Marajó, da Corveta Jaceguai e do Navio Escola Almirante Saldanha, a Presidência da Comissão Nacional Brasileira em Washington, a Vice-Diretoria de Hidrografia e Navegação, o Comando do Quinto Distrito Naval,  a Chefia do Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra, o Comando do Primeiro Distrito Naval, o Ministério do  Supremo Tribunal Militar e, por fim, a Vice-Chefia do Estado Maior da Armada.

Sem dúvida, viveu um momento conturbado na política brasileira, tendo participado do Comando de um destacamento durante a Revolta Paulista de 1924, ainda como Capitão Tenente, ocasião em que foi reconhecido como um líder preocupado e atento aos seus subordinados, sendo mencionado em uma carta do seu sempre soldado G.G. Martins, que esteve com ele nos confrontos ocorridos.(SODRÉ, 1989, p.52)

Não cansava de afirmar que a política brasileira vivia um período de aniquilamento moral. Viveu o período do movimento político-militar do Tenentismo, e uma série de rebeliões, ocorrida no limiar da década de vinte, de jovens oficiais subalternos e intermediários do Exército Brasileiro, insatisfeitos com a desordem política brasileira em que se encontrava o país. Nesse sentido, os movimentos que marcaram a época foram a Revolta dos 18 do Forte (em Copacabana), no ano de 1922, a Revolta Paulista, em 1924, a Comuna de Manaus, em 1924 e, finalmente, a Coluna Prestes, ocorrida entre 1925 e 1927. (SKIDMORE,1998)

Para Benjamin Sodré, haja vista seu espírito conciliador e mediador, toda revolução era catastrófica. Ele via ainda, nos movimentos, uma desconstrução da disciplina e da democracia. O Almirante viveu intensamente acreditando que não só o Brasil, mas as Forças Armadas precisavam estar unidas de forma monolítica.

Chefiou a Comissão Naval Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. Tornou-se almirante em 1954.

Em 1952 participou da criação da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra ADESG, da qual foi o primeiro presidente, e em 1953 chefiou o departamento de estudos da Escola Superior de Guerra (ESG).Muitas foram as conferências proferidas na Escola Superior de Guerra, onde serviu como Delegado da Marinha (Assistente), em 1951, e pôde expor seus pensamentos, de caráter cívico e patriota, voltados para a convergência da Força e do Brasil e denotando sempre a preocupação com o bem comum. Dentre as mais importantes estão: Organização e Características das Forças Nacionais (1ª conferência), A Marinha na Nossa História, Aspirações e Interesses Nacionais e Educação e a Segurança Nacional.

Escotismo[1]

Desde que entrou em contato com o Movimento Escoteiro tornou-se um grande seguidor dos ideais de B-P, participando da fundação e organização dos Escoteiros do Mar, o primeiro Grupo Escoteiro de Belém, a Federação de Escoteiros paranaenses, entre outros. Escreveu o “Guia do Escoteiro” de 1925, uma das mais importantes obras do Escotismo Brasileiro.

Desde que entrou em contato com o Movimento Escoteiro tornou-se um grande seguidor dos ideais de Baden-Powell, participando da fundação e organização dos Escoteiros do Mar, o primeiro Grupo Escoteiro de Belém, a Federação de Escoteiros paranaenses, entre outros. Foi fundador também do Grupo Escoteiro do Mar Gaviões do Mar, o 4°/RJ, localizado na Ilha de Boa Viagem em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Os Escoteiros do Brasil nesse período eram divididos em diversas Federações e não constituíam uma unidade central, desta forma, O Velho Lobo teve papel fundamental na idealização e criação da União dos Escoteiros do Brasil, a UEB, reunindo as quatro primeiras federações (a Federação de Escoteiros Católicos do Brasil, Federação Brasileira de Escoteiros do Mar, Federação dos Escoteiros do Brasil e Federação Fluminense de Escoteiros).

Funções nos Escoteiros do Brasil

  • Exerceu a Presidência da UEB União dos Escoteiros do Brasil.

Publicações Escoteiras

  • Escreveu o "Guia do Escoteiro" de 1925, uma das mais importantes obras do Escotismo brasileiro.
  • Entre os anos de 1921 e 1933, foi o redator da coluna sobre o escotismo publicada na revista O Tico-Tico.

Condecorações Escoteiras

  • Agraciado com o Tapir de Prata, a mais alta condecoração do Escotismo Brasileiro.

Homenagens

  • Foi honrado com uma série de títulos, entre eles o de Cidadão Honorário do Rio de Janeiro e outros Estados e medalhas de mérito
  • É o Patrono Oficial da Turma de 1985 do Colégio Naval e de 1991 da Escola Naval que celebra seus 30 anos em 21 de março de 2015 com evento comemorativo e Cerimônia Militar no Colégio Naval.

Acervo do Carajás

  • Guia do Escoteiro - 3a Edição
  • Guia do Escoteiro - 4a Edição

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Referências